Um coração mais semelhante ao coração de Deus.

Cada um de nós é chamado a cultivar e a desenvolver a vida espiritual de forma a viver numa contínua conversão do coração, completamente comprometido no amor a Deus e a toda a humanidade.

A conversão interior de cada pessoa, pode ter diversas expressões. A Sagrada Escritura e os Padres da Igreja apontam-nos, principalmente, o jejum, a oração e a esmola, que expressam a conversão em relação a cada pessoa, a Deus e aos outros.

Paralelamente a esta profunda purificação realizada pelo Baptismo, somos convidados pelo nosso Deus a praticar esforços de reconciliação com o próximo e a preocuparmo-nos com a sua salvação. Somos chamados a um caminho de conversão interior, a um autêntico reencontro com a misericórdia do Senhor Jesus na sua paz, na oração e na forte experiência de Deus.

A conversão concretiza-se na vida diária por gestos de perdão, pela atenção aos mais pobres e vulneráveis, pelo exercício da defesa da justiça e do direito. Ostenta um relevo especial na aceitação dos sofrimentos, na coragem de suportar as diversas amarguras por amor da justiça e do reino de Deus.

Ser cristão é fazer este percurso, tal como fizeram os Pastorinhos de Fátima e tantos outros santos. E Eles, os santos que nos precederam, também tinham as suas dificuldades, limitações e defeitos, mas confiaram-se plenamente em Deus que os chamava à santidade. Porque é Deus que nos fortalece e nos anima, nos ampara e impulsiona para aceitarmos, em cada dia, o desafio da conversão do coração.

É Deus quem trabalha em nós. E quanto mais experimentamos o seu amor, tanto mais teremos força para mudar o que está menos bem em nós.

Por outro lado, a conversão interior e a penitência têm a sua força e sustento na Eucaristia. Porque na Eucaristia Cristo, que que nos reconciliou com o nosso Deus e se torna presente em oferta, alimenta-nos e fortifica-nos dá cada vez mais força e alento aos que vivem a vida do senhor ressuscitado.

A “leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai Nosso, todo o acto sincero de culto ou de piedade reavivam em nós o espírito de conversão e de penitência e contribuem para o perdão dos nossos pecados”.

Há um percurso a fazer que pode, até, demorar muitos anos, mas o importante é ter a coragem para dar o primeiro passo. Ninguém por si próprio consegue mudar, seja o que for. Só Deus poderá mudar a nossa vida através de uma experiência interior de amor e de fé.

Que cada um de nós se sinta impelido, cada vez mais, como o filho pródigo de evangelho, a ir ter com o Pai nas diversas encruzilhadas da vida e a percorrer o caminho desta conversão interior, na certeza de ser acolhido pelo amor e misericórdia do nosso Bom Deus.

Porque é o amor de Deus que preenche os nossos vazios e, assim, preenchidos por Ele, não buscaremos outro refúgio que não seja Ele.